A pandemia do novo coronavírus impulsionou novos hábitos financeiros. O pagamento por aproximação de cartões de crédito e de débito (chamado de ‘contactless’, em inglês) se popularizou nos últimos meses por causa do distanciamento social. Somente em setembro de 2020, o uso do recurso cresceu cinco vezes em relação ao mesmo mês do ano anterior, de acordo com a Visa.

A mágica desta tecnologia (chamada em inglês de ‘Near Field Communication’ ou NFC) é diferente de outras, como Bluetooth e Wi-Fi. Ao aproximar o cartão ou o celular da maquininha em lojas e restaurantes, os dados são transmitidos por ondas magnéticas. Isso permite que o pagamento seja realizado sem a necessidade de inserir a senha.

“A adesão por parte dos clientes vem crescendo exponencialmente ao longo dos meses. Em 2020, o crescimento médio (mês ante mês) das compras por aproximação foi de 30%”.

A expectativa é que esse número cresça conforme as pessoas forem se familiarizando com a tecnologia e conforme mais cartões com NFC forem emitidos.

Outro motor de crescimento é o aumento do limite de transações. Exatamente por isso foi aprovado no fim de dezembro um novo teto para esse tipo de transação, que passou de R$ 100 para R$ 200, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Além disso, a partir deste ano, todos os emissores serão obrigados a oferecer cartões com NFC, segundo Carlos Netto, CEO da Matera.

Logo, a expectativa é que as transações por NFC continuem crescendo. A modalidade movimentou R$ 22,7 bilhões de janeiro a setembro, um avanço de 478% em comparação com o mesmo período de 2019. A expectativa da Abecs é que, em todo o ano de 2020, o pagamento por aproximação registre em torno de R$ 40 bilhões em transações.

“Mesmo com menos pessoas circulando, experimentamos um incremento de cartão por aproximação de quase 200%”, explica Hugo Costa, diretor executivo de soluções da Visa do Brasil.

Não à toa, a bandeira está investindo nessa modalidade em meios de transporte, como nas linhas da SPTrans em São Paulo e no metrô e nas barcas do Rio de Janeiro, já que há grande circulação de pessoas.

De acordo com a Mastercard, somente em novembro de 2020, foram realizadas 46 milhões de transações por aproximação com tíquete médio de R$ 47,60. Entre os usuários da bandeira, 35% afirmaram ter aumentado o uso dos pagamentos por aproximação durante a pandemia.

“É uma tendência que não tem volta. Mesmo quando acabar a pandemia, as pessoas vão preferir pagar por aproximação”, diz João Pedro Paro, presidente da Mastercard.

É um hábito que veio para ficar.