A pandemia da Covid-19 acelerou as tendências em diversos segmentos do mercado e os serviços bancários não são exceção. Embora muitas instituições financeiras na América Latina já estivessem digitalizando procedimentos que exigiam a presença física, como a verificação de identidade e as assinaturas à mão, a pandemia colocou essas transformações no topo de suas listas de prioridades.

A mudança dos consumidores para ferramentas digitais e o consequente aumento de crimes cibernéticos voltado à infraestrutura crítica exige que tanto os bancos tradicionais quanto os digitais ofereçam garantias para proteger a identidade e o patrimônio de seus clientes. Este aumento nos serviços bancários digitais e suas correspondentes vulnerabilidades produzirão quatro tendências em 2021.

Tendência 1 – A legislação sobre fintechs e serviços bancários digitais modernizarão os bancos na América Latina

Há um crescente apelo em vários países da América Latina – mesmo nos setores de fintechs e serviços bancários – para introduzir uma legislação que regulamente o setor de serviços bancários digitais. Isso, sem dúvida, mudará a forma com que o setor opera. Por exemplo, em maio de 2020, no Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC) publicaram a Resolução Conjunta nº 1/20 , que regulamenta o open banking. O sistema contará com APIs (padrões de programação para acesso a um aplicativo ou software) que vão permitir o compartilhamento de dados bancários de clientes entre diferentes instituições financeiras e outros participantes do sistema financeiro, desde que haja consentimento por parte dos titulares.

Em relação à autenticação de documentos, em muitos outros países da América Latina ainda são necessárias assinaturas à mão. Além do Brasil, instituições financeiras na Colômbia e Costa Rica devem se preparar para a legislação que declare a assinatura eletrônica igual à assinatura tradicional à mão.

Tendência 2 – O aumento dos crimes cibernéticos colocará instituições financeiras e consumidores em alerta

A Interpol divulgou um relatório em agosto detalhando um pico de crimes cibernéticos durante a pandemia da covid-19. Os cibercriminosos estão mudando seu foco de ataque: de pessoas e pequenas empresas para os governos e infraestruturas críticas. Isso expõe as instituições financeiras a um risco maior. Ataques cibernéticos de ampla repercussão contra instituições financeiras em diversos países revelaram vulnerabilidades que devem ser combatidas para proteger dados e ativos.

Enquanto as instituições financeiras trabalham para se proteger e proteger os clientes de ataques cibernéticos, os criminosos estão usando técnicas cada vez mais sofisticadas para acessar dados digitais valiosos. Os ataques de malware, ransomware, phishing e vírus deverão aumentar à medida que as empresas digitalizem suas operações. Portanto, tanto as pessoas quanto as instituições devem estar cientes das ameaças impostas pelos cibercriminosos e de como podem evitar ataques e fraudes.

Tendência 3 – Melhoria das proteções para o consumidor por meio da IA, aprendizagem de máquina e biometria

A digitalização dos serviços financeiros promoverá maior confiabilidade nos novos e mais sofisticados protocolos de cibersegurança que ajudarão as instituições financeiras a se manterem um passo à frente dos criminosos cibernéticos. O setor está explorando tecnologias como a inteligência artificial, aprendizagem de máquina e biometria para evitar fraudes e garantir a veracidade da identidade, qualquer que seja o comportamento do usuário final.

Algumas das tecnologias já adotadas pelos bancos incluem a sofisticada biometria comportamental que analisa os documentos de identificação emitidos pelo governo e depois solicita aos usuários que tirem selfies para verificar suas identidades. Essas técnicas de verificação biométrica dinâmica utilizam a aprendizagem de máquina para identificar padrões de interação do usuário para criar um conjunto único de parâmetros que confirmam as identidades. Elas podem ser combinadas com outros métodos de verificação biométrica, como impressões digitais, verificação de identificação presencial e senhas (que em algum momento cairão em desuso por serem facilmente comprometidas). As técnicas e estratégias de verificação digital, como as assinaturas eletrônicas, estão ganhando força na região porque ajudam a automatizar e proteger transações e processos para as instituições financeiras e seus clientes.

Tendência 4 – Os bancos e a tecnologia irão colaborar e inovar

A América Latina emergiu como um centro de atividade de open banking. As fintechs estão utilizando APIs para auxiliar as plataformas que conectam bancos, empresas e consumidores. Na Europa, por exemplo, os bancos tradicionais estão começando a perceber os benefícios do open banking graças à PSD2 – uma série de diretivas da UE destinadas a equilibrar as condições de pagamento e a reforçar a segurança e a proteção do consumidor. Isto promoverá mais confiança com os clientes e confiança na autenticação e na atenuação de riscos. Graças a essas novas colaborações, bancos e fornecedores de tecnologia têm acesso a mercados mais amplos, mais receita, melhores experiências para o cliente e serviços novos e inovadores. Essas parcerias são desenvolvidas com base em estruturas SaaS que oferecem funcionalidade e segurança significativas para atender às exigências de conformidade. Elas permitem que os bancos possam dedicar-se a atender seus clientes enquanto os demais fornecem a tecnologia.

O crescimento do open banking torna as colaborações entre a tecnologia e os bancos ainda mais relevantes devido à pandemia e à consequente mudança nos serviços bancários para o consumidor. A ampla experiência das instituições financeiras em cibersegurança permitirá que recebam esta mudança de braços abertos.

Por Rogério Freitas que é diretor de engenharia de vendas LATAM da OneSpan